Cultura Pessoalidades

Salve a professorinha!

17:08Denny Baptista


Hoje, 15 de outubro, Dia do Professor. Não lembro nada da pré escola. Sei que fiz, mas me dei conta que não restou resquício de memória dela. No entanto lembro algo de quando aprendi a ler. Quem em ensinou foi minha mãe, minha primeira "professora". Depois, na primeira série, tive duas professoras: a professora Nancy, em Londrina, e a professora Ivone, quando fui morar em Palmeira das Missões. Então veio a professora Vitória na segunda série, a professora Nair na terceira e a profe Dirce na quarta série. Com as profes Ivone, Vitória e Nair ainda tenho contato. Inclusive a profe Nair foi minha colega no curso de Pedagogia, não é legal? Então, a partir da quinta série, uma sucessão de diversos professores. Lembro-me de vários deles, mas não citarei nomes sob risco de esquecer alguns. 

Me tornar professora não foi propriamente uma escolha. Meus pais queriam que eu cursasse o "normal" (como costuma chamar-se os cursos de magistério a nível médio), e cursei. Então, assim que encerrei o estágio, prestei concurso público estadual e passei. Aos 20 anos, assumi meu cargo como professora de séries iniciais do estado do Rio Grande do Sul. De lá pra cá já são quase 12 anos de profissão. 

O começo foi bastante difícil. Nada nos prepara para a realidade da sala de aula. A prática é que faz o professor. E ela nem sempre é fácil. Iniciei na profissão com uma turminha de 1ª série. Alfabetização se tornou minha paixão! Mais tarde dei aulas para uma segunda série, mantendo a linha de alfabetizadora. Fui professora de oficinas de alfabetização também, e participei do Programa Acelera Brasil, da Fundação Ayrton Senna, que tem como meta corrigir a distorção idade/série entre alunos do Ensino Fundamental I. Então iniciei minha experiência como orientadora educacional. Hoje sou orientadora educacional do Ensino Fundamental II (5º a 9º ano), e professora de uma turminha de 4º ano. 

Ser professor é uma tarefá difícil.  Todos os anos nos deparamos com uma turminha nova e novos desafios. Dificuldades de aprendizagens, problemas familiares que atingem diretamente a sala de aula, a agressividade cada vez mais crescente, o desrespeito. Muitas vezes somos os primeiros a perceber problemas que precisam ser resolvidos pela família. Outras vezes servimos meio que de pai e mãe, ou psicólogo. Não é nosso papel. Mas é o que fazemos. Dar o colo quando algo não vai bem. Repreender e ensinar a educação que deveria vir de casa. Dar limites. Estimular o aprendizado. Buscar soluções para as dificuldades.

Mas ser professor também é chegar todos os dias e ver dezesseis olhinhos brilhantes aguardando na fila, dezesseis sorrisos lindos e dezesseis "Oi sôra". É receber cartinhas com "eu te amo", ganhar bala e chicle, e eventualmente algum presentinho. 

Sabe, algumas coisas são engraçadas. Eu nunca mencionei minha profissão para o motorista e cobrador do ônibus que pego todos os dias. E antes que me vissem com o uniforme da escola, eles já me davam "Bom dia profe". Devo ter cara de professora, rs. E gosto de receber o cumprimento deles assim. 

Não entrarei na questão salarial. Mas gostaria de ser mais valorizada sim. Minha profissão é de primeira necessidade, essencial, mas somos pagos e tratados como dispensáveis muitas vezes. Na televisão, pequenas notas de parabéns a nós e só. Nenhuma campanha consistente pela valorização de quem somos. Mas, hoje, prefiro pensar no quanto sou importante. No quanto me dedico ao meu trabalho, mesmo que não o veja como minha vocação. No quanto procuro ser melhor para ser um exemplo para aqueles pequenos que se espelham em mim. E, opa, o tio Google lembrou!



Hoje também quero parabenizar a todos os professores dedicados e que fazem jus ao título que recebem. Aos que passaram pela minha vida estudantil, aos que ainda farão parte da minha vida acadêmica, e aos meus colegas de trabalho, conhecidos e desconhecidos. Parabéns!

Beijão!

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1 comentários

  1. Vejo toda essa sua trajetória de conquistas superbacanas e merecidas, e me bate uma sensaçãozinha de que eu deveria dar uma segunda chance e voltar a dar aulas (ainda dou, particulares para alguns alunos aqui e ali, mas não mais em sala de aula). Como você, apesar de gostar muito, também não acho que seja a minha vocação, então muita dúvida ainda me impede de me dedicar novamente. Mas sei bem como é a sensação de alfabetizar alguém com sucesso - nunca ensinei português, mas alfabetizar em uma língua estrangeira é igualmente difícil (especialmente quando os alunos não têm contato com a língua), então é muito gostoso ver o desenvolvimento deles. Gostaria de ter sido mais inspiradora e, assim, me sentir mais incentivada a continuar. Quem sabe, logo. Beijos, cara-gêmea, feliz dia dos professores! ♥

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